O Design Estratégico é uma abordagem
contemporânea do Design - assim como Design Thinking e Human Centered Design -
que visa extrapolar o pensar e fazer projetos.
A perspectiva é de relacionar princípios do design a outras áreas de
conhecimento e prática, como gestão, marketing, economia, mais implicadas na
configuração de estratégias organizacionais e, portanto, tomada de decisões. A
maneira tradicional de entendimento do design subentende uma dinâmica linear de
atuação, geralmente brifado pelo MKT ou pela gestão.
Nesse sentido, o design - e, portanto, os designers - tem a incumbência de
idear possibilidades e, rapidamente, pensar em como concretizar a solução para
o briefing recebido. Entretanto, as abordagens contemporâneas de design rompem
esse entendimento ao propor a construção de pontes entre conhecimentos de
diferentes áreas, competências e pessoas.
A partir dessas relações de aproximação, inter e transconexão, essas abordagens
visam soluções mais conectadas às pessoas, extrapolando a preponderância do
mercado. Nesse contexto, o design estratégico busca desenvolver uma perspectiva
sistêmica de geração de soluções e, também, de inovações.
Por meio de uma lógica denominada Sistema Produto Serviço, são colocados em
prática conhecimentos, princípios, ferramentas e metodologias que buscam
desenvolver propostas pautadas nas relações intrínsecas entre as dimensões
Produto, Serviço, Comunicação e Experiência.
Esse combo projetual possibilita o desdobramento de estratégias complexas, permitindo
que cada uma dessas dimensões opere como ponto de contato entre as pessoas e as
propostas pensadas para elas.
Algo fundamental nessa maneira de abordar do design estratégico é a
preponderância da imaterialidade no que consumimos hoje. E esse é o caso,
especificamente, da Experiência. Apesar de não ser contemplada no nome "Sistema
Produto Serviço", a Experiência é uma das dimensões mais importantes para a
abordagem do design estratégico.
Muitas vezes, ela é o centro dessa projetação sistêmica, assumindo o papel do
"produto", por exemplo. Nesse caso, considera-se o Projeto para a Experiência,
uma vez que não é possível projeta "A Experiência" que cada pessoa irá
ter/viver ao usufruir de algo, ou, de um benefício.
O Design para a Experiência leva em consideração muitos fatores, como elementos
físicos que podem gerar tais benefícios, sendo pautados, na maioria das vezes,
em emoções que o projeto quer/pode despertar.
Infográfico apresentando as relações
entre dimensões de projeto a partir da abordagem do design Estratégico. Fonte:
da autora
Luzes, cores, texturas, volumes, sons, cheiros, interações, elementos físicos são
alguns dos elementos que podem ser considerados ao pensar em Design para a
Experiência. Nesse contexto, o objetivo mais importante é a geração de Bem
Estar, ainda que isso pareça muito subjetivo e pessoal.
Claro, é possível projetar o Bem Estar a parir de evidências obtidas por meio
de pesquisas comportamentais. Mas, antes de considerarmos essa probabilidade, é
importante levar em consideração que o Projeto para Experiência pode (e
deveria) ser pensado a partir das pessoas, pois, serão elas que viverão a
Experiência.
Para isso, práticas de aproximação são bem vindas e, apesar de parecerem
simples, são muito eficazes. Porém, o que geralmente as organizações usam são
instrumentos de pesquisa frios, onde não há sequer a observação de pessoas e
suas interações com algo (serviço, produto, ambiente, etc). Isso não contribuiu
para o Projeto para a Experiência, e os resultados, geralmente, são pensados de
modo genérico e distante.
Ora, se estamos enfrentando um momento de revisão de muita coisa, por que não
revisar essa prática também? Talvez aí sim teríamos produtos, serviços,
ambientes e tantas outras soluções pensadas de modo mais personalizado,
inclusivo e realmente satisfatório.
Como tudo isso impacta em experiências positivas de Homme Office?
Entendendo que o Projeto para a Experiência (ou seja, o design para a
experiência), procura relacionar diferentes elementos, pensar na combinação
desses elementos de modo a buscar gerar Bem Estar às pessoas é algo que passa
tanto por propostas de mobiliários, como de serviços.
Isso pode ser feto de modo simples, repensando a implicação do mobiliário e das
cores e texturas na promoção de Bem Estar para as pessoas, por exemplo. Ou,
como que projetos de serviços podem também promover o bem estar para as
pessoas, pensando que esses projetos precisam ser deslocados agora para as
casas das pessoas.
Por Paula Visoná.
COORDENADORA PÓS EM DESIGN ESTRATÉGICO E ARTICULADORA DA
ESCOLA DA INDÚSTRIA CRIATIVA DA UNISINOS. ATUA COMO CONSULTORA NO
DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS BASEADOS NOS PRINCÍPIOS CO CRIAÇÃO, INOVAÇÃO
ORIENTADA PELO DESIGN E PROCESSOS CRIATIVOS.