Receita Federal identifica sonegação fiscal de mais
de R$ 200 milhões no segmento
A Superintendência da Receita Federal no
Rio Grande do Sul identificou sonegação fiscal na ordem de mais de R$ 200
milhões no segmento de postos de combustíveis.
A prática ocorreu em estabelecimentos de
todo o país e foi detectada a partir do cruzamento de informações das principais
distribuidoras de combustíveis do país, como Petrobrás, Raizen e Ipiranga e de
seus clientes, as redes de postos de combustíveis.
A equipe de seleção da Receita Federal do
RS identificou na Escrituração Contábil Digital - ECD - das distribuidoras
elevadas despesas com bonificações pagas a redes de postos de combustíveis, de
duas espécies:
· Bonificações
Antecipadas:
pagas na forma de adiantamentos, mas dependentes de condições que deveriam ser
implementadas pelo posto beneficiário, como fidelidade, volume de compras etc.;
· Bonificações
Postecipadas:
pagas ao final, em função de performance/desempenho. Por exemplo: eram pagas
trimestralmente, após verificado o atingimento da meta pré-estabelecida.
O
tratamento tributário adequado para as bonificações recebidas pelos postos de
combustíveis é o seguinte:
· Bonificações
Antecipadas:
apropriação mensal das receitas na medida em que as condições estabelecidas são
atendidas pelo beneficiário (normalmente a aquisição de determinado volume de
combustíveis e lubrificantes);
· Bonificações
Postecipadas:
apropriação como receita no momento do recebimento.
A
partir dessa constatação, foram selecionados postos que não estavam tributando
as bonificações de forma correta.
Durante os procedimentos fiscais foram
identificadas diversas situações, como:
·
Falta
de contabilização e tributação das bonificações;
·
Tributação
das bonificações antecipadas apenas no final do contrato;
·
Utilização
de alíquotas reduzidas de Pis e Cofins (alíquotas de receitas financeiras -
0,65% PIS e 4% Cofins, alíquota normal(bonificação) é de 1,65% Pis e 7,6%
Cofins);
·
Tributação
das bonificações em Holding utilizando a sistemática do lucro presumido.
Até
o momento, 93 estabelecimentos, de todas as regiões fiscais do país foram, ou
ainda estão sendo fiscalizados. A expectativa era que os lançamentos chegassem
a 100 milhões, mas eles já ultrapassam R$ 256 milhões e ainda há fiscalizações
em andamento, cujo valor estimado de lançamento ultrapassa 40 milhões. Muitos
estabelecimentos já estão negociando os valores lançados. Aproximadamente 53
milhões já foram, total ou parcialmente pagos/parcelados.
Tendo em vista a abrangência da ação,
acredita-se que haverá uma mudança do comportamento dos contribuintes e uma
declaração/arrecadação espontânea dos tributos.
A dimensão do resultado dessa operação pode
ser medida pela aplicação dos recursos sonegados. Caso os R$ 256 milhões fossem
empregados na compra de vacinas como a Coronavac, seria possível adquirir, a um
custo unitário de R$ 58,00, mais de 4,4 milhões de doses, ou seja, 2,2 milhões
de brasileiros imunizados.
Fonte:
Receita Federal do Brasil, com edição do texto pela M&M
Assessoria Contábil.
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