Institucional Consultoria Eletrônica

A longevidade dos Documentos Eletrônicos


Publicada em 24/02/2022 às 16:00h 


Nesses últimos anos aprendemos - pessoas e empresas - a importância dos documentos eletrônicos em nossas vidas, e hoje vamos falar sobre como mantê-los em segurança.


Indiscutivelmente, os documentos eletrônicos facilitam a vida das pessoas seja no trato das coisas pessoais ou nas rotinas profissionais.


Aprendemos que digitar, imprimir, assinar, reconhecer firma em cartório e distribuir os documentos para as pessoas envolvidas ficou definitivamente no passado.


O documento eletrônico que é assinado por credenciais reconhecidas pela Legislação brasileira sobre Identificação Digital e Documentos Eletrônicos tem valor legal e dispensa o reconhecimento de firmas em cartórios e testemunhas das transações.


No Brasil, a validade de documentos eletrônicos está fundamentada na Medida Provisória 2.200-02 /2001 de agosto de 2001 e complementada pela Lei 14.063 de 23 de setembro de 2020 e pelo Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.


Quando se trata de legislação eletrônica nada é definitivo uma vez que a evolução da tecnologia e a alterações comportamentais podem influenciar novos padrões e requisitos técnicos. Desta forma, é sempre bom consultar fontes confiáveis para se certificar da legislação vigente no momento.


O documento eletrônico que é, simplificadamente, o registro de uma transação adicionada a manifestação de vontade das partes envolvidas, assim como os impressos, precisam seguir normas e padrões técnicos determinados pela legislação, ou seja, utilizar determinados tipos de arquivos eletrônicos, tipos de assinaturas e serem armazenados de forma que permita o acesso aos dados e às respectivas evidências que comprovam a legalidade do documento.


Aqui temos algumas questões que devem ser avaliadas quando se documenta uma transação em meio eletrônico. São elas:


Os diversos tipos de assinatura eletrônica

As assinaturas eletrônicas de pessoas e até mesmo de empresas e máquinas podem ser produzidas utilizando métodos diferentes. Nesse momento, vamos tratar sobre a autenticação e assinatura eletrônica de pessoas.


Para serem utilizadas, as assinaturas eletrônicas por pessoas vão muito além do uso de tecnologia que aplicam cálculos matemáticos gerados em ambientes únicos, controlados, auditáveis que é o caso dos Certificados Digitais emitidos em sistemas de PKI - Public Key Infrastructure - em português, Infraestrutura de Chaves Públicas. Podem ser produzidas, por exemplo, por meio de fatores biográficos que são informações que utilizadas em conjunto tornam uma pessoa única, como por exemplo: o nome da mãe, a escola que estudou no primário, o endereço atual, a cidade em que nasceu e assim por diante.


As assinaturas eletrônicas feitas com o uso da biometria abrem um leque enorme de opções tais como: a face das pessoas, as digitais dos dedos e das mãos, o formato das orelhas e a íris, e também podem ser feitas pelo uso da voz ou cheiro das pessoas.


Já a biometria comportamental, que é a forma como as pessoas andam, assinam seus nomes, digitalizam e tudo mais relacionado a ritmo, movimento, pressão e frequência com que as pessoas fazem as coisas estão sendo cada vez mais utilizadas.


Muitas formas de autenticação e assinatura podem ser utilizadas para identificar as pessoas no meio eletrônico e a melhor opção vai depender da transação envolvida. O que você precisa proteger? O quanto você precisa se certificar sobre a identidade da outra parte? Quanto tempo essa informação será importante? Por exemplo, o acesso à uma academia de esporte não precisa, nem de longe, utilizar as mesmas credenciais eletrônicas que utilizam as pessoas que acessam o centro de controle de uma usina nuclear.


E da mesma forma, quando estamos falando dos tipos de assinaturas em documentos eletrônicos o melhor tipo de assinatura ependerá do grau de importância de cada documento.


Lei 14.063 de 23 de setembro de 2020, por exemplo, estabeleceu três tipos de assinaturas eletrônicas para serem utilizadas na comunicação envolvendo agentes públicos: as assinaturas simples, avançada e qualificada.


A Assinatura Simples é a combinação de login e senha, a Avançada utiliza a validação de outras entidades como o banco que a pessoa tem conta e a Qualificada é a assinatura feita com os Certificados Digitais ICP-Brasil.


O Portal GOV.BR por exemplo utiliza-se desses 3 tipos de assinaturas e criou selos que dão acesso aos serviços mediante sua qualificação: Bronze, Prata e Ouro. Sem entrar em detalhes sobre o que pode ou que não fazer cada tipo de assinatura ou com cada tipo de selo adquirido no Portal GOV.BR, o que é interessante ser observado é que quanto mais crítica for a transação em relação, por exemplo, à dados sigilosos, valores e consequências que o acesso indevido por terceiros ao documento pode causar, mais elevado será o tipo de assinatura eletrônica que deve ser utilizada ou a forma de autenticação exigida.


Fechando esse capítulo, sempre que for escolher o tipo de assinatura eletrônica opte pela assinatura que possibilite a geração de evidências como autoria, integridade, autenticidade, qualificação, confidencialidade e temporalidade dessa maneira você estará livre de possíveis futuros aborrecimentos em relação a transação eletrônica firmada.



Geração dos documentos eletrônicos

É comum, as entidades públicas e privadas proverem assinadores de documentos específicos, como é o caso dos assinadoras na Secretarias de Fazenda, nas Juntas Comerciais, nos Tribunais de justiça e na Receita Federal do Brasil.


Um bom exemplo é o sistema de assinatura eletrônica da Receita Federal do Brasil. Alguns documentos precisam da identificação do usuário para ser validado. Nestes casos, o contribuinte pode utilizar o sistema e-Assina RFB em que o certificado digital ICP-Brasil é obrigatório.


Além dos assinadores dessas organizações públicas também existem as plataformas de assinatura eletrônica e digitais fornecidas por empresas privadas. Essas plataformas das diferentes empresas possuem funcionalidades básicas e cada uma delas tem outras funcionalidades que podem ser uteis dependendo do perfil do usuário.


Normalmente, são disponibilizadas por empresas que dominam a tecnologia de identificação digital e o usuário não precisa se preocupar com o tipo de assinatura que deve ser utilizada em cada situação, os formatos dos arquivos que são válidos pela legislação brasileira e tão pouco se os processos de assinatura cumprem os requisitos técnicos que determina a lei. Por isso, antes de utilizar uma plataforma de assinatura, avalie muito bem qual é a empresa que está por trás dessa plataforma de assinatura. Porque tudo o que você fizer por meio de uma plataforma que não cumpre os procedimentos descritos em lei pode comprometer a validade e segurança dos seus documentos eletrônicos no futuro.


Para ter certeza de que a empresa está cumprindo os protocolos e requisitos recomendados, basta submeter os documentos ao Validador de documentos digitais desenvolvido pelo ITI - Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, que é uma autarquia do Governo Federal com a responsabilidade de criar procedimentos e auditar toda Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira, ICP-Brasil.


Verificador de Conformidade do Padrão de Assinatura Digital ICP-Brasil é um serviço gratuito disponibilizado pelo ITI. E, com ele, você pode aferir se um arquivo assinado com certificado ICP-Brasil está em conformidade com os documentos que regulam a assinatura eletrônica no País - DOC-ICP-15. Atualmente, o sistema verifica os padrões CAdES, XAdES e PAdES, melhor visualizado nos navegadores Mozilla, Firefox e Google Chrome.



Armazenamento dos arquivos eletrônicos


Após selecionar o tipo de assinatura eletrônica e eleger uma plataforma de assinatura que atenda aos pré-requisitos definidos, você precisa pensar em como armazenar os documentos eletrônicos.


Uma coisa é certa: nunca se deve guardar documentos eletrônicos em um único dispositivo, seja celular, PC ou servidor. O ideal é manter uma pasta de arquivos em um serviço de nuvem com redundância - backup - para que esses documentos não sejam perdidos.


Algumas plataformas de assinaturas eletrônicas providas por empresas privadas disponibilizam o armazenamento de documentos como serviço e essa é uma excelente opção a ser considerada, porque essas empresas especializadas geralmente trabalham em ambientes criptografados, com redundância operacional, com logs rastreáveis e controle de acessos com múltiplos fatores de autenticação.


As organizações públicas armazenam os documentos eletrônicos, mas é conveniente que as empresas e as pessoas tenham seus próprios arquivos submetidos a esses órgãos. Alguns órgãos inclusive deixam claro que os documentos eletrônicos devem ser arquivados pelas empresas emissoras como é o caso das notas fiscais eletrônicas.


Sobre o armazenamento de documentos eletrônicos é interessante destacar que alguns documentos de longa duração precisam ter assinaturas digitais especiais.  Essa assinatura é denominada Assinatura Digital ICP-Brasil de Arquivamento.


O Registro de Imóvel feito pelos Cartórios é um documento de longa duração e desta forma o CNJ - Conselho Nacional de Justiça determina que seja aplicada uma Assinatura Digital ICP-Brasil de Arquivamento, assim como, o Ministério da Educação determina que os arquivos eletrônicos que contenham os diplomas digitais utilizem essa mesma tecnologia.


Concluindo: para usufruir dos benefícios dos documentos eletrônicos devemos pensar em que tipo de arquivo esses documentos eletrônicos estão sendo finalizados, quais são as credenciais eletrônicas utilizadas e como estão as questões de guarda, gestão e armazenamentos dos documentos eletrônicos. Além disso, a contratação de uma plataforma de assinaturas eletrônicas é uma forma de utilizar o meio eletrônico para transacionar utilizando os inúmeros benefícios que os documentos eletrônicos trazem às pessoas e às empresas sem comprometer a governança corporativa resguardando a empresa de sanções por conta das leis relacionadas a proteção e privacidade de dados - LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados.




Por Susana Taboas | COO - Chief Operating Officer - CryptoID. Formada em Economia pela PUC Rio, com MBA em Finanças pelo IBMEC e diversos cursos de extensão na FGV RJ, Harvard University (EUA). Atuou em empresas como Vale do Rio Doce, NEC do Brasil, Cheminova, Nortel, Cableway Argentina, Certisign, Cast Group e Supportcomm. Durante sua carreira acumulou ampla experiência na definição e implementação de projetos estratégicos de médio e longo prazos nas áreas de Governança Corporativa, Recursos Humanos, Planejamento Estratégico e Financeiro, Tesouraria, Operações Financeiras Estruturadas no Brasil e no Exterior, Contabilidade, Fiscal, Logística e TI.








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