Segundo a pesquisa sobre o uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios brasileiros (TIC
Domicílios) 2021, divulgada em 21/6/2022, pelo Centro Regional de Estudos
para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), na média, o
percentual de residências aptas a acessar a rede mundial de computadores subiu
de 71% para 82% no período de dois anos. Apesar disso, o país ainda
contabiliza 35,5 milhões de pessoas sem acesso à internet e o número
de domicílios das classes B, C e D/E com computadores caiu no mesmo
período.
A variação positiva foi mais significativa
entre os domicílios de áreas rurais, segmento que evoluiu de 51%, em 2019, para
71%, em 2021. Entre as residências de áreas urbanas, a proporção foi de 75%
para 83% no mesmo período.
"Esta proporção aumentou significativamente
entre os domicílios das áreas urbanas em relação à situação pré-pandemia, mas a
grande variação ocorreu na área rural, onde foi observado um crescimento de 20
pontos percentuais entre 2019 e 2021", destacou o coordenador da pesquisa,
Fábio Storino.
Segundo Storino, o resultado dos dados
coletados presencialmente entre outubro de 2021 e março de 2022 devem ser
comparados aos de 2019, e não aos de 2020, quando, devido
à pandemia, o Cetic.br teve que adaptar o método de coleta, entrevistando
um número menor de participantes ouvidos exclusivamente por telefone - o
que aumentou a margem de erro em comparação aos levantamentos de outros
anos.
Quanto à qualidade do serviço, a pesquisa
TIC Domicílios identificou que tanto na área urbana (64%) quanto na rural
(39%), a maioria das residências está conectada à rede por meio de fibra óptica
ou cabo. Em seguida vem a rede móvel, à qual 20% dos domicílios de áreas
rurais e 17% dos das zonas urbanas estão interligados. Praticamente 99%
dos usuários acessam a internet por meio de aparelhos
celulares, enquanto 50%, ou 74,5 milhões de habitantes do país, utilizam a
televisão, que já ultrapassa os computadores (36%).
Enquanto 100% dos domicílios da classe A
possuem acesso à internet, apenas 61% dos das classes D/E dispõem do serviço. A
proporção entre as residências da classe B chega a 98%, e os de classe C, a
89%.
"Olhando a evolução [do acesso] por classe
[social], há uma estabilidade em patamares elevados entre as classes mais altas
[A e B], uma tendência de aumento na classe C e um aumento mais pronunciado
entre as classes D/E", destacou Storino, apontando o crescimento de 11 pontos
percentuais entre os mais pobres, entre 2019 e 2021.
"A diferença entre a conectividade nos
domicílios de classe A e os de classe D/E, que era de 83 pontos percentuais em
2015, caiu para 39% em 2021. Ou seja, embora as diferenças [sociais] persistam
e ainda sejam significativas, ela vem se reduzindo ao longo do tempo".
Ainda que menores, as diferenças
também se fazem sentir em termos regionais. No Sudeste (84%), no Sul (83%) e no
Centro-Oeste (83%), as proporções de domicílios com acesso à internet superam a
casa dos 80%, enquanto no Norte esse percentual é de 79% e, no Nordeste,
77%. Em comparação a 2019, a conectividade aumentou em todas as cinco
regiões. No espaço de dois anos, este indicador variou 13% no Centro-Oeste; 12%
no Nordeste; 10% no Sul; 9% no Sudeste e 7% no Norte do país.
Internauta
A pesquisa também aponta que a quantidade
de usuários que acessam a rede mundial de computadores aumentou 7% entre 2019 e
2021, passando de 74% para 81% dos entrevistados. Aumento associado à
popularização dos smartphones não só no Brasil, mas em todo o mundo.
"Quando perguntamos sobre o uso de
computadores, estamos falando de computadores de mesa [desktops] e portáteis
[notebooks e tablets]. Os aparelhos celulares, embora sejam
quase um computador de bolso, proporcionam um uso mais limitado, que não
desenvolve, nos usuários, o mesmo tipo de habilidades digitais que a utilização
de múltiplos dispositivos", finalizou Storino, destacando que, em 2021, a
proporção de usuários que acessam a rede mundial de
computadores exclusivamente por telefones celulares passou
de 58%, em 2019, para 64% da população, em 2021.
O crescimento foi maior entre os moradores
das áreas rurais, na qual os percentuais passaram de 53% para 73%. Já entre os
habitantes das zonas urbanas, a evolução foi de 77% para 82% dos
entrevistados.
Com base nas respostas dos entrevistados,
os pesquisadores estimam que cerca de 139 milhões de internautas acessam a rede
todos os dias ou quase todos os dias. Na outra ponta da frequência de uso, 9,6
milhões de pessoas pouco acessam a internet, às vezes, uma vez ao mês.
"Ainda temos um contingente de 35,5 milhões com dez anos de idade ou mais que não
utilizam a internet", destacou Storino.
"Também é possível notar diferenças
significativas quando olhamos [a distribuição da frequência de uso] por classe
social. Enquanto grande parte da população das classes A e B faz uso diário da
internet, à medida que vamos para as classes C e D/E aumentam tanto a proporção
de uso menos frequente da internet, que não está disponível [na mesma medida],
quanto o de não usuários", acrescentou Storino.
A pesquisa também avalia a distribuição dos
hábitos de utilização da internet por recortes como
sexo, cor, grau de instrução e faixa etária. Para os pesquisadores,
um dos destaques desta 17ª edição do levantamento foi o aumento do número de
internautas entre a população com mais de 60 anos de idade. "Em 2019, antes da
pandemia, um terço desta população era usuária da internet. Esta proporção
aumento para 48% em 2021, um contingente relevante", comentou Storino.
Fonte:
Agência Brasil, com edição do texto pela M&M Assessoria
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