Grupo prestava serviço na safra de uva e eram
explorados pelos empregadores que prestavam serviços a vinícolas locais,
relatando uso de spray de pimenta e choques nos alojamentos precários
O
Ministério do Trabalho e emprego, por meio da Inspeção do Trabalho, deflagrou
ação de combate ao uso de mão de obra análoga ao de escravo na colheita de uva e
em vinícolas em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A fiscalização culminou
no resgate de 208 trabalhadores que atuavam nos parreirais e prestavam serviço
para vinícolas e cooperativas locais.
A
atividade teve início na quarta-feira (22/2/2023), após uma denúncia de um
grupo de trabalhadores que teriam fugido de um alojamento, onde estariam sendo
agredidos pelo empregador e sem receber salários. O grupo de fiscalização de
Caxias do Sul (RS) foi ao local para averiguar a situação, tendo encontrado um cenário
de péssima situação, com cerca de 215 trabalhadores apinhadas num alojamento,
sem segurança, higiene e sofrendo ameaças dos empregadores, inclusive agressões
com uso de choques elétricos e spray de pimenta, que eram usados contra os
trabalhadores.
Segundo
o coordenador da ação local, o auditor fiscal do Trabalho, Vanius João de
Araújo Corte, ao fazer a Inspeção, foi encontrado no local máquina de choque
elétrico e tubos de spray de pimenta. Outra reclamação, também confirmada pela
Inspeção, é que os trabalhadores estavam com dívidas permanentes. "Como foram
recrutados na Bahia, já vieram na viagem para o local de trabalho com dívidas
de alimentação e transporte. Fora isso, todo o consumo deles no alojamento era
anotado num caderno do mercado local, que vendia os produtos a preços
extorsivos. Além disso, eles relataram que iniciavam o trabalho as quatro da
manhã e iam até as oito ou nove horas da noite, numa jornada extremamente
exaustiva", relatou o auditor.
Os
trabalhadores prestavam serviços para empresas que contratavam mão de obra para
grandes vinícolas locais, que já foram identificadas pela fiscalização. "Eles
não estavam recebendo salários, com dívidas permanentes e em situação
degradante, caracterizando o trabalho análogo ao de escravo. Todos foram então
resgatados e ouvidos um a um pela fiscalização para que fosse calculado o valor
devido para cada trabalhador e pagamento das indenizações trabalhistas pelos
direitos negados. Os representantes das empresas que contrataram essa mão de
obra já se propuseram a realizar os pagamentos na próxima semana", informou o
coordenador.
Os
alojamentos foram interditados de imediato pelas condições apresentadas e os
trabalhadores retirados do local, tendo a prefeitura de Bento Gonçalves
disponibilizado um ginásio com colchões e outros equipamentos para receber o
grupo de trabalhadores, que vão aguardar o desenrolar da atuação do Ministério
do Trabalho, previsto para finalizar até segunda-feira (27/2/2023), e receber
as indenizações e direitos trabalhistas a que têm direito. Os resgatados vão
também receber 3 parcelas de seguro-desemprego, pagos pelo Ministério do
Trabalho e Emprego.
Participaram
do apoio a ação coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a
Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a
Defensoria Pública da União (DPU).
Denúncias da prática
ilegal podem ser feitas de forma anônima via Sistema Ipê (exclusivo para
denúncias de trabalho escravo), ferramenta lançada em 2020 pela Secretaria de
Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do
Trabalho (OIT) no link https://ipe.sit.trabalho.gov.br/#!/
Fonte: Ministério do
Trabalho e Previdência
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