Institucional Consultoria Eletrônica

Empresa de transporte público é condenada por condições sanitárias e de conforto inadequadas


Publicada em 02/05/2023 às 16:00h 

Para o Tribunal Superior do Trabalho, é do empregador a responsabilidade de garantir normas, independentemente da natureza externa do trabalho


A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou recurso de uma empresa de transporte público, de Belo Horizonte (MG), contra a condenação ao pagamento de indenização de R$ 300 mil por danos morais coletivos em razão de condições sanitárias e de conforto inadequadas para os motoristas de ônibus nos estabelecimentos fornecidos nos pontos de controle das rotas em que opera. 


A decisão seguiu a jurisprudência predominante do Tribunal Superior do Trabalho de que a prática desses atos ilícitos, desvirtuando o que preconiza a legislação, além de causar prejuízos individuais aos trabalhadores, representa ofensa ao patrimônio moral coletivo.



Sem acordo


Os empregados da empresa de transporte público, segundo denúncia apresentada ao Ministério Público do Trabalho (MPT), tinham de fazer as refeições em local sem limpeza, arejamento, iluminação e água potável. Os banheiros também apresentavam irregularidades como mofo nas parede, vasos sanitários sem descarga e falta de material para limpeza e higienização das mãos.   


A empresa de transporte público, então, foi autuada pelas irregularidades e intimada pelo Ministério Público do Trabalho a comparecer a audiência coletiva com outras 16 empresas do setor, com a finalidade de firmar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para corrigir as ilegalidades identificadas. Na ocasião, porém, o empregador não teve interesse em firmar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que previa obrigações como instalar sanitários separadas por sexo e outras previstas na Norma Regulamentadora 24 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que trata das condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho.


Com a negativa, o MPT ajuizou a ação civil pública.



"Pequenas irregularidades"


A empresa, em sua defesa, disse que a situação encontrada pela perícia era esporádica e que o laudo revelava apenas "pequenas irregularidades". 


Recorrência


A Constituição Federal estabelece, como direito fundamental do empregado, a redução dos riscos inerentes ao trabalho (artigo 7°, inciso XXII), assegurando a todos um ambiente sadio (artigo 225). De acordo com a decisão da 39ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte (MG), esse ponto foi descumprido pela empresa.


O perito encarregado da inspeção nos locais de trabalho da Anchieta confirmou as conclusões dos auditores fiscais sobre a precariedade das condições de higiene e conforto nos pontos de controle das linhas de ônibus. Assim, o juízo de primeiro grau determinou que a empresa cumprisse as normas e a condenou ao pagamento da indenização. A sentença foi mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), que entendeu que a condenação serviria para evitar novas violações e desestimular condutas semelhantes por outros empregadores.



Dano moral coletivo 


A relatora do recurso da empresa, ministra Maria Helena Mallmann, explicou que, de acordo com o Tribunal Regional do Trabalho, ficou comprovado que a empresa não observou as normas de higiene e proteção da saúde do trabalhador, previstos na NR 24 e não conseguiu desconstituir as conclusões dos auditores fiscais, do engenheiro de segurança do Ministério Público do Trabalho e da perita judicial.


Segundo a relatora, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho prevê que é responsabilidade do empregador garantir meio ambiente ecologicamente equilibrado, além de outros direitos que visem à melhoria da condição social do trabalhador, independentemente da natureza externa do trabalho prestado, como no caso dos motoristas de ônibus.


A decisão foi unânime.


Nota M&M:
Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém, situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas esferas de primeiro e segundo graus.






Fonte: Tribunal Superior do Trabalho, Processo: AIRR-11189-78.2016.5.03.0139, com edição do texto e  "nota" da M&M Assessoria Contábil





Gostou da matéria e quer continuar aumentando os seus conhecimentos com os nossos conteúdos?

Assine, gratuitamente, a nossa Newsletter Semanal M&M Flash, clicando no link a seguir:

https://www.mmcontabilidade.com.br/FormBoletim.aspx, e assim você acompanha as nossas atualizações em primeira mão!




Telefone (51) 3349-5050
Vai para o topo da página Telefone: (51) 3349-5050