Empreendedores
alegam que, com a inflação, limites de faturamento para aderir ao programa
deveriam ser alargados. Na reforma tributária, empresas do Simples poderão
optar pelo futuro IVA.
Apesar de reivindicações de empresários, que querem uma atualização nos
limites do Simples Nacional, a reforma tributária vai manter os atuais valores
para esse regime, de acordo com o Ministério da Fazenda.
O Simples Nacional foi criado em 2006, com o objetivo de estimular as
pequenas empresas. Consiste na unificação de alguns tributos com alíquota mais
favoráveis para o empreendedor.
Atualmente, podem aderir ao Simples:
microempreendedor individual que fatura até R$
81.000,00 por ano;
transportador autônomo de cargas que fatura até R$
251,600,00 por ano;
microempresas com até R$ 360.000,00 por ano;
empresas de pequeno porte com até R$ 4.800.000,00 anuais;
O presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), deputado
Marco Bertaiolli (PSD-SP), pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a
correção do limite para uma empresa entrar no Simples Nacional: de R$
4.800.000,00 para R$ 8.300.000,00. Ele argumenta que a inflação nos
últimos anos tem que ser levada em conta.
"Nossa solicitação é a atualização da tabela do Simples pelo IPCA
[inflação]. Por isso que não há queda de arrecadação, renúncia, nada disso.
Pega o IPCA de 2016, quanto da isso em 2023? Hoje, por exemplo, está em R$
4.800.000,00. Pelo IPCA, iria para R$ 8.300.000,0 milhões o limite do Simples
Nacional. Agora isso o ministro não se comprometeu, ele ficou de fazer todos
estudos", declarou Bertaiolli.
O deputado sugere ainda que o teto para as microempresas suba para R$
415.800,00 e, para o microempreendedor individual, para R$ 138.600,00. Mas essa
atualização não passa pelos planos do governo.
"As PECs [propostas de emenda à Constituição da reforma tributária]
não mexem na questão dos limites do Simples", disse o secretário
extraordinário do Ministério da Fazenda para a reforma tributária, Bernard
Appy.
Em almoço na última semana com políticos da Frente Parlamentar de
Serviços (FPS), o relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro
(PP-PB), afirmou que os limites do Simples Nacional já são muito maiores que em
outros países do mundo.
"Nosso Simples é um Simples que não é simples. Comparado com o
mundo, já tem um limite que transcende todos os demais. O país que tem o maior
limite é US$ 150 mil, depois vem o Brasil, com US$ 1 milhão", afirmou o
deputado, fazendo referência ao teto de R$ 4.800.000,00 para pequenas empresas.
De acordo com números da Receita Federal, que estão na proposta da Lei
de Diretrizes Orçamentárias de 2024, o Simples Nacional representará uma
renúncia de arrecadação de R$ 119 bilhões no próximo ano. Esse é o programa que
representa o maior gasto tributário do Orçamento federal.
O governo tenta votar a reforma tributária na Câmara ainda no primeiro
semestre e concluir a tramitação no Senado até o fim do ano.
Opção pelo futuro imposto
O secretário Appy, no entanto, informou que as empresas do Simples
poderão optar pelo futuro imposto sobre valor agregado (IVA), a ser criado na
reforma tributária.
Esta primeira etapa da reforma vai alterar os impostos sobre o consumo.
A ideia do IVA, que já existe em outros países, é unificar vários impostos em
um só. Algumas das vantagens, segundo o governo, é facilitar a forma de
pagamento e estabelecer a cobrança não cumulativa.
Não ser cumulativo significa que em cada etapa da cadeia produtiva só
haverá pagamento de tributo em cima do valor que foi agregado na etapa
anterior.
Para manter a carga tributária total já existente no país, os cálculos
dão conta de que o IVA terá que ser de cerca de 25%.
Junto com a Zona Franca de Manaus, o Simples Nacional, até o momento, é
uma exceção à alíquota geral do futuro IVA.
Atualmente, as empresas do setor de serviços que estão no Simples
Nacional pagam alíquotas que variam de 6% a 33% sobre o faturamento, de acordo
com seu tamanho. Sendo que a alíquota de 33% vale apenas para companhias com
faturamento acima de R$ 3.600.000,00 por ano. Empresas que faturam menos pagam
as alíquotas menores
Mas, segundo Appy, para alguns empreendimentos pode ser mais favorável
pagar o IVA. Isso devido ao caráter não cumulativo do IVA.
"Simples está mantido, não muda. Ou fica como está, ou melhora. Nas
duas PECs [da reforma tributária], a empresa tem a opção de ficar como está
hoje ou então ela pode optar por não pagar o imposto sobre o faturamento e
passar a pagar o imposto único pelo regime normal de debito e crédito",
afirmou o secretário.
Números do Simples
Segundo dados do portal do Simples Nacional na internet, 21,6 milhões de
empresas estavam no Simples Nacional em maio deste ano.
Em 2022, o auditor Fernando Mombelli, da Receita Federal, afirmou na
Câmara dos Deputados que a correção dos limites do Simples, como propõe,
levaria a um aumento da renúncia de arrecadação em R$ 66 bilhões.
Mombelli também citou o exemplo de outros países com regimes favorecidos
para micro e pequenas empresas e seus limites.
Brasil = US$ 1 milhão; quase R$ 5 milhões;
Canada = US$ 22,5 mil;
Israel = US$ 26,5 mil;
Portugal = US$ 11 mil;
Coreia do Sul = US$ 48 mil e
Reino Unido = US$ 104 mil.
Fonte:
G1, com edição do texto pela M&M
Assessoria Contábil