Atrelado
ao papel-moeda, Drex só deve chegar ao público no fim de 2024
A versão virtual do real deu, nesta
segunda-feira (7/8/2023), mais um passo rumo à implementação. O Banco Central
(BC) anunciou que a moeda digital brasileira se chamará Drex.
Com a plataforma em fase de testes desde março/2023 e as primeiras
operações simuladas previstas para setembro/2023, o real digital pretende
ampliar as possibilidades de negócios e estimular a inclusão financeira. Tudo
num ambiente seguro e com mínimas chances de fraudes.
A ideia, segundo o Banco Central, é que o Drex seja usado no atacado para
serviços financeiros, funcionando como um Pix - sistema de transferências
instantâneas em funcionamento desde 2020 - para grandes quantias e com
diferentes finalidades. O consumidor terá de converter reais em Drex para
enviar dinheiro e fazer o contrário para receber dinheiro.
Confira como vai funcionar a nova moeda digital oficial do país:
O que é o Drex?
Também chamado de real digital, o Drex funcionará como uma versão eletrônica do
papel-moeda, que utiliza a tecnologia blockchain, a mesma das
criptomoedas. Classificada na categoria Central Bank Digital Currency (CBDC,
Moeda Digital de Banco Central, na sigla em inglês), a ferramenta terá o valor
garantido pela autoridade monetária. Cada R$ 1 equivalerá a 1 Drex.
Considerado à prova de hackers, o blockchain é definido como uma
espécie de banco de dados ou de livro-razão com dados inseridos e transmitidos
com segurança, rapidez e transparência. Sem um órgão central de controle, essa
tecnologia funciona como uma espécie de corrente de blocos criptografados, com
cada elo fechado depois de determinado tempo. Nenhuma informação pode ser
retirada ou mudada porque todos os blocos estão conectados entre si por senhas
criptografadas.
Qual a diferença em relação às demais criptomoedas?
As criptomoedas obedecem à lei da demanda e da oferta, com o valor flutuando
diariamente, como uma ação de uma empresa. Sem garantia de bancos centrais e de
governos, a cotação das criptomoedas oscila bastante, podendo provocar perdas
expressivas de valor de um dia para outro.
Atrelado às moedas oficiais, o CBDC oscila conforme a taxa diária de
câmbio, determinada pelos fundamentos e pelas políticas econômicas de cada
país. A taxa de câmbio, no entanto, só representa diferença para operações
entre países diferentes. Para transações internas, o Drex valerá o mesmo que o
papel-moeda.
Outra diferença em relação às criptomoedas está no sistema de produção.
Enquanto moedas virtuais como Bitcoin, Ethereum e outras podem
ser "mineradas" num computador que resolve algoritmos e consome muita energia,
o Drex será produzido pelo Banco Central, com paridade em relação ao real.
Qual a diferença do Drex para o Pix?
Embora possa ser considerado primo do Pix, por permitir pagamentos instantâneos
entre instituições financeiras diferentes, o Drex funcionará de maneira
distinta. No Pix, a transferência ocorre em reais e obedece a limites de
segurança impostos pelo BC e pelas instituições financeiras. No Drex, a
transferência utilizará a tecnologia blockchain, a mesma das criptomoedas.
Isso permitirá transações com valores maiores.
Que serviços poderão ser executados com o Drex?
Serviços financeiros em geral, como transferências, pagamentos e até compra de
títulos públicos. Os consórcios habilitados pelo Banco Central poderão
desenvolver mais possibilidades, como o pagamento instantâneo de parcelas da
casa própria, de veículos e até de benefícios sociais, conforme anunciado
pelo consórcio formado pela Caixa Econômica Federal, a Microsoft do Brasil e a
bandeira de cartões de crédito Elo.
O Drex permitirá o uso de contratos inteligentes. No caso da venda de um veículo,
não haveria a discussão se caberia ao comprador depositar antes de pegar o bem
ou se o vendedor teria de transferir os documentos antes de receber o dinheiro.
Todo o processo passará a ser feito instantaneamente, por meio de um contrato
automatizado, reduzindo o custo com burocracias, intermediários e acelerando as
operações.
Como se dará o acesso ao Drex?
Prevista para chegar ao consumidor no fim de 2024 ou início de 2025, o Drex só
funcionará como uma moeda de atacado, trocada entre instituições financeiras. O
cliente fará operações com a moeda digital, mas não terá acesso direto a ela,
operando por meio de carteiras virtuais.
O processo ocorrerá da seguinte forma. Primeiramente, o cliente (pessoa física
ou empresa) deverá depositar em reais a quantia desejada numa carteira virtual,
que converterá a moeda física em Drex, na taxa de R$ 1 para 1 Drex. Essas
carteiras serão operadas por bancos, fintechs, cooperativas, corretoras e
demais instituições financeiras, sob a supervisão do BC. Novos tipos de
empresas com carteira virtual poderão ser criados, conforme a evolução da
tecnologia.
Após a tokenização (conversão de ativo real em ativo digital), o cliente poderá
transferir a moeda digital, por meio da tecnologia blockchain. Caberá ao
receptor converter os Drex em reais e fazer a retirada.
A tokenização pode ser definida como a representação digital de um bem ou de um
produto financeiro, que facilita as negociações em ambientes virtuais. Por
meio de uma série de códigos com requisitos, regras e processos de
identificação, os ativos (ou frações deles) podem ser comprados e vendidos em
ambientes virtuais.
Testes
Em março/2023, o Banco Central escolheu a plataforma Hyperledger Besu para
fazer os testes com
ativos de diversos tipos e naturezas. Essa plataforma tem baixos custos de
licença e de royalties de tecnologia porque opera com código aberto (open
source).
Em junho, o Banco Central escolheu 16 consórcios para
participar do projeto piloto. Eles construirão os sistemas a serem
acoplados ao Hyperledger Besu e desenvolverão os produtos financeiros
e as soluções tecnológicas. A lista completa de entidades selecionadas pelo
Comitê Executivo de Gestão está no site do Banco Central.
Previstos para começarem em setembro, os testes com os consórcios ocorrerão com
operações simuladas e testarão a segurança e a agilidade entre o real digital e
os depósitos tokenizados das instituições financeiras. A testagem será feita em
etapas até pelo menos fevereiro/2024, quando ocorrerem operações simuladas com
títulos do Tesouro Nacional.
Ativos
Os ativos a serem testados no projeto piloto serão os seguintes:
. depósitos de contas de reservas bancárias;
. depósitos de contas de liquidação;
. depósitos da conta única do Tesouro Nacional;
. depósitos bancários à vista;
. contas de pagamento de instituições de pagamento;
. títulos públicos federais.
Fonte: Agência Brasil, com edição do texto pela M&M
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