Pessoas têm perdido o controle da quantidade de informações visualizada
Seja para entreter ou trabalhar, o digital está cada
dia mais frequente nas vidas de todos os brasileiros. Para se ter ideia, um
estudo realizado pela NordVPN projetou que internautas passam 54% do tempo de
vida média da população na internet. O levantamento também mostra que as
pessoas começam a se conectar às 8h33 da manhã e só se desconectam às 22h13.
Somado o tempo de todos os sete dias, em uma semana comum, o brasileiro teria
passado 91 horas on-line. É muito tempo e pode causar sérias consequências à
saúde mental.
Para a psicóloga e VP do BNI Brasil, Mara Leme Martins,
é importante entender que estar exposto a tempos elevados de telas pode
retardar o desenvolvimento de uma criança. "Imagine a proporção desse efeito em
uma vida adulta, sem ou com pouco limite de exposição. Esse tipo de atitude é
responsável pelo excesso de informação que aos poucos se transforma em estresse
e pode agravar-se em burnout digital",
explica.
No mercado corporativo, ainda há a crença de que
o burnout é
uma situação exclusiva a trabalhadores da nova geração, e que pessoas mais
velhas não podem ou não passaram por essa situação. Para Hugo Godinho, CEO
da Dialog, startup que lidera o setor de Comunicação Interna no Brasil com
uma plataforma multicanal, no momento atual em que vivemos, todos estão
sujeitos a essa sobrecarga.
"Sobrecarga digital é o que acontece quando uma pessoa
recebe com regularidade um grande volume de informações, que podem chegar de
diferentes canais ou não. Essa quantidade de conteúdo costuma ser muito
superior à possibilidade de assimilação - ou seja, nem tudo aquilo que é
recebido por alguém consegue ser, de fato, absorvido e compreendido. O uso das
redes sociais, o consumo de notícias on-line e o recebimento de centenas de
notificações fazem com que as pessoas percam completamente o controle da
quantidade de informações visualizadas por dia", explica Godinho.
Com intuito de desmistificar a doença, a psicóloga e VP
do BNI Brasil, Mara Leme Martins, listou alguns mitos expostos diariamente
no mercado corporativo sobre o burnout digital. Confira:
1. Trabalhar menos é a única solução
- "Apesar de trabalhar menos ser um dos itens mais recomendados, não é o
tratamento exclusivo para a doença. Trabalhar com qualidade e em um clima
agradável também significa muito para um processo de melhoria contínua do
paciente em tratamento."
2. Burnout trata-se apenas de um
surto - "Isso sim é um grande mito. O burnout segue uma linha de evolução, ou
seja, a síndrome irá caminhar do cansaço para o estresse, e a partir do
estresse passa para a exaustão, até por fim chegar a sua pior fase que é o
burnout. A situação não surge simplesmente, é, de fato, uma construção que tem
como função minar sua energia de trabalho dia após dia."
3. O tratamento sempre precisa de
medicação - "Como em diversos casos, nem todos os casos exigem que a pessoa
receba um tratamento com medicação. Tudo depende do grau de burnout que a
pessoa está sofrendo. Em muitas situações será sim, necessário, porém, não é
uma regra. Cada paciente responde de uma maneira e claro, deve ser tratado
individualmente."
4. Basta desligar o celular que
passa - "Apesar das redes de comunicação serem responsáveis pelo agravamento da
doença, apenas sair de "perto" não irá solucionar de imediato o problema.
Inclusive, por vezes, pode levar a uma piora significativa em decorrência de
ansiedade, se for feito de maneira brusca. A desconexão precisa ser gradual e
respeitar os limites de cada indivíduo."
"Portanto, vale lembrar que a tecnologia está
incorporada no nosso dia a dia, não basta vê-la como vilã de uma doença como o
burnout digital, mas sim como o uso incorreto dela leva a esse tipo de
resultado. Para um mercado de trabalho mais saudável nesse sentido devemos
trabalhar na extinção de mitos que permeiam a doença", finaliza Mara Leme
Martins.
Fonte:
Diário do Comércio
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