Tudo o que pode impactar a vida das pessoas
ou a qualidade operacional dos negócios deve ser objeto de cuidado especial.
Quem nunca acabou alterando ou duplicando um arquivo em seu próprio computador
ou, pior, na empresa onde trabalha em meio a uma entrega com prazo apertado?
Isso pode até não ter grandes consequências quando lidamos com documentos
simples em nossos próprios notebooks, mas é extremamente danoso em ambiente
corporativo, porque afeta diretamente a integridade dos dados.
Quando falamos de preservar informações
sensíveis dos clientes, colaboradores, fornecedores e da empresa como um todo,
estamos falando de controle de acesso às informações, o que vai afetar a
precisão dos dados que serão transformados em conhecimento relevante para o
negócio.
Podemos dizer que a integridade dos dados é uma face do trabalho que
serve de base tanto para segurança da informação quanto para a qualidade de
dados de uma organização - e qualidade dos dados significa maior eficiência e
oportunidades para inovar.
No entanto, dispor de mais dados não
significa ter precisão - muito pelo contrário. Quanto melhor a qualidade dos
dados que você tem na sua empresa, mais fácil vai ser para você conseguir fazer
o uso das informações para desenvolver as melhores defesas contra ameaças
internas e externas. Se você não sabe o que você tem, você não consegue
encontrar a proteção certa, muito menos aproveitar os dados para diversos fins,
escondidos na complexidade da "bagunça".
Vários especialistas apontam nessa direção.
Um deles é o cientista Andrew NG, que desempenhou um papel significativo
no avanço do aprendizado de máquina. Ele co-fundou o Google Brain, iniciativa
de pesquisa em inteligência artificial do Google, e foi um dos criadores do
curso online de aprendizado de máquina da Universidade de Stanford. Durante uma
entrevista para a Revista Time, em 2017, ele afirmou que "a inteligência
artificial seria a nova eletricidade".
Em seus estudos, ele também enfatiza que a
qualidade dos dados é um fator crítico para obter resultados precisos e
confiáveis ao aplicar técnicas de Machine Learning. Assim como a eletricidade,
a IA tem o potencial de impulsionar a inovação, melhorar a eficiência
operacional, aumentar a produtividade e criar oportunidades de negócios. É
difícil pensar em uma grande empresa que não está sendo transformada pela inteligência
artificial e por dados em geral.
Isso inclui diversas áreas como varejo,
saúde, educação, meios de transporte, comunicações, dentre outros. Andrew N. G,
em 2022, em palestra durante o evento Databricks, demonstrou que essa mudança
de pensamento é fundamental para a inovação em inteligência artificial. Para a
criação de produtos com Machine Learning, um imperativo para a sobrevivência
das empresas, é necessário adotar perspectivas centradas nos dados, melhorando
a qualidade dos dados a partir da coleta.
Ao aplicar técnicas de Machine Learning, as
empresas podem reduzir custos, aumentar a produtividade e impulsionar o seu
crescimento, ganhando vantagem competitiva no mercado. O tema tem sido
debatido desde muito antes da OpenAI se tornar o foco de discussões nas redes
com seu ChatGPT. Para desenvolver um programa de Machine Learning que vai
beneficiar seus produtos e, por consequência, seus clientes e usuários, é
necessário, na perspectiva de Andrew NG, ter dados de alta qualidade - o que
significa ter conjuntos de dados bem rotulados, completos, relevantes e
representativos da tarefa ou problema em questão.
Me arrisco a complementar que isso só é
possível a partir da privacidade. Quando falo isso, me refiro também a
proporcionar a confidencialidade dos dados dos indivíduos, direito fundamental
assegurado a todos os cidadãos pela Constituição Federal, e que possui, nos
dias de hoje, ainda mais importância tendo em vista as transformações
tecnológicas.
Na prática, é necessário possuir e exercer
controle sobre esses dados. Os usuários têm o direito de receber informações
claras e compreensíveis sobre como seus dados serão utilizados antes de
concederem seu consentimento. Já as organizações têm o papel fundamental de
serem claras quanto ao seu uso e compartilhamento.
É através do conceito de privacidade que se
gera qualidade, integridade e robustez nos dados armazenados, garantindo que
estejam em conformidade com os padrões de trabalho da empresa e a precisão
necessária para tomadas de decisão. Só assim esses elementos podem trazer
insights valiosos e corretos para a organização gerando uma maior vantagem
competitiva.
Tudo se resume a manter a qualidade na
coleta, armazenamento, utilização e saída desses dados. Vale ressaltar
que, embora o Machine Learning possa ser usado para aprimorar o controle de
dados e o consentimento, a implementação dessas tecnologias deve ser feita com
cuidado e consideração dos aspectos éticos e legais envolvidos.
É essencial garantir a transparência, a justiça
e a conformidade com os regulamentos de privacidade e proteção de dados, bem
como obter o consentimento informado dos usuários antes de coletar e processar
seus dados. Em resumo, é como diz o ditado: "conhecer para proteger!".
Autora: Yasodara Cordova é pesquisadora-chefe em
privacidade na Unico*
*O Open Data, ou dados abertos, significa que
dados podem ser acessados por pessoas, empresas, instituições, times de
pesquisa de forma livre, fácil e ágil. O que parece tentador para a prestação
de serviços e até mesmo inovação guarda uma outra face: a ameaça à privacidade.
Saiba mais sobre segurança e proteção de dados pessoais através da aula magna
da autora, pelo link: https://www.plataformacidadaniadigital.com.br/
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