De acordo com o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Brasil
atualmente abriga cerca de 42 milhões de empreendedores, sejam eles formais ou
informais. Com o objetivo de garantir uma aposentadoria segura, muitos desses
brasileiros optam por contribuir para o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) por conta própria. No entanto, é comum que alguns cometam erros básicos
devido à falta de conhecimento sobre como efetuar essas contribuições
adequadamente. Dentre esses erros, destacam-se o pagamento abaixo do
salário-mínimo ou acima do teto estipulado pelo INSS, que atualmente é de
R$7.507,49.
Conversamos com o
advogado especialista em direito previdenciário, Fernando Zaccaro, para
entender melhor os erros mais comuns que os empreendedores cometem ao
contribuir para o INSS por conta própria. Fernando destaca que "o primeiro
e mais importante erro é não estabelecer um planejamento previdenciário de
acordo com os seus objetivos. Já o segundo é recolher um valor inferior ao
salário-mínimo e isso ocorre especialmente no início de cada ano em que este é
alterado e o empreendedor esquece de atualizar o valor, já o terceiro erro mais
comum, é o recolhimento com o código errado ou até com a alíquota errada e por
fim, podemos citar também outro erro bem comum que é recolher em atraso sem
qualquer tipo de orientação especializada, já que muitas vezes esse
recolhimento pode sequer ser considerado", explica. Além disso, contribuições
em atraso, sem orientação especializada, também são um erro frequente.
"Essas contribuições podem não ser consideradas válidas, o que prejudica o
planejamento da aposentadoria do empreendedor", afirma o
especialista.
Perguntamos ao
advogado como o pagamento abaixo do salário-mínimo pode afetar a aposentadoria
dos empreendedores. Zaccaro explica que "legalmente este recolhimento não
será considerado para nenhuma finalidade, ou seja, nem para o cálculo do valor
do benefício, muito menos para a carência, nem sequer para a manutenção da
qualidade de segurado e ainda para fins de tempo de contribuição, ou seja, este
pagamento é desprezado caso não haja complementação, agrupamento ou ajuste com
outra contribuição de maior valor", afirma.
Ele também
esclarece que empreendedores informais são considerados contribuintes
individuais pela legislação previdenciária. Eles são obrigados a recolher a
contribuição previdenciária, que é calculada com base no valor recebido por seu
trabalho. Existem dois tipos de alíquotas de recolhimento: "a de 20% sobre a
remuneração, código 1007, destinada ao empreendedor que deseja aposentar por
idade com valor acima do salário-mínimo ou até mesmo aqueles que já
contribuíram bastante no passado e pretendem atingir as regras de transição da
aposentadoria por tempo de contribuição. E também a de 11% sobre o
salário-mínimo, para aquele empreendedor que pretende recolher o mínimo e
somente se aposentar por idade, cujo código de recolhimento é o 1163",
esclarece.
Se um empreendedor
fez contribuições abaixo do salário-mínimo, é possível complementá-las,
agrupá-las com outras contribuições mais baixas ou usar o excedente de
contribuições maiores. "Essas solicitações podem ser feitas por meio do
telefone 135 ou pelo site e aplicativo do Meu INSS", disse.
As contribuições
feitas acima do teto do INSS não têm efeito e não influenciam o cálculo do
valor do benefício. O excedente é simplesmente ignorado. Recuperar valores pagos
em excesso pode ser desafiador, especialmente se as contribuições foram feitas
há mais de cinco anos. No entanto, o advogado diz que é possível solicitar
restituição, ressarcimento, reembolso ou compensação por meio do site da
Receita Federal do Brasil, caso não tenham passado cinco anos.
Segundo Fernando,
contribuir para a previdência social de forma correta e consistente desde o
início da atividade empreendedora oferece inúmeros benefícios. Além de garantir
proteção contra riscos sociais, como invalidez e morte, contribuições adequadas
permitem uma aposentadoria tranquila e no menor tempo possível, seguindo um
planejamento previdenciário adaptado às necessidades do empreendedor.
Para garantir que
estão contribuindo corretamente com o INSS, tanto empreendedores formais quanto
informais devem manter a documentação adequada. Isso inclui o contrato social e
suas alterações para empreendedores formais, bem como comprovantes de
atividades para empreendedores informais, como recibos, notas fiscais,
mensagens de celular e e-mails. Além disso, é fundamental acompanhar
regularmente as contribuições no Cadastro Nacional de Informações Sociais
(CNIS) e garantir que as contribuições sejam consistentes com a declaração
anual do Imposto de Renda.
Finalmente, os
empreendedores devem estar atentos a mudanças anuais no valor do salário-mínimo
e verificar regularmente o CNIS para acompanhar as contribuições. Qualquer
mudança na remuneração mensal deve ser refletida nas contribuições feitas ao
INSS.
Fonte:
Diário de Petrópolis
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