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STF, Gonet defendeu a anulação de decisão da Justiça do Trabalho que reconheceu
vínculo empregatício entre um entregador e o aplicativo Rappi. A posição é
diversa de parecer enviado à Corte pelo seu antecessor, Augusto Aras, que havia
defendido a manutenção de decisões de tribunais trabalhistas sobre a chamada
"pejotização"
O procurador-geral da República (PGR),
Paulo Gonet, defendeu, em manifestação no Supremo Tribunal Federal (STF), a
anulação de decisão da Justiça do Trabalho que reconheceu vínculo empregatício
entre um entregador e o aplicativo Rappi. A posição é diversa de parecer
enviado à Corte pelo seu antecessor, Augusto Aras, que havia defendido a
manutenção de decisões de tribunais trabalhistas sobre a chamada
"pejotização".
A posição de Gonet é alinhada com a maioria
dos ministros do Supremo. Em 2023, o STF atendeu, por meio de decisões
monocráticas, a 63% dos pedidos de empresas para anular decisões da Justiça do
Trabalho que reconheceram vínculo de emprego. Nas decisões, os ministros citam
precedentes do Supremo que permitem relações de trabalho alternativas à CLT e
afirmam que a Constituição privilegia a liberdade econômica.
O movimento criou atritos com magistrados
trabalhistas, que não concordam com os argumentos dos ministros do STF e veem
risco à proteção do trabalho digno. No Supremo, o ministro Gilmar Mendes reagiu
dizendo que o TST (Tribunal Superior do Trabalho) tem colocado entraves à
reforma trabalhista aprovada pelo Congresso em uma "tentativa inócua de
frustrar a evolução dos meios de produção".
Em manifestação anterior, favorável aos
trabalhadores, Aras havia dito que "a terceirização somente se legitima
quando não estiver sendo utilizada como instrumento para burlar o vínculo de
emprego".
Em 8 de fevereiro de 2024, a Corte vai
analisar pela primeira vez o tema no plenário. A expectativa é que o julgamento
uniformize a jurisprudência e trace uma linha entre o que é permitido e o que é
proibido na terceirização.
Em 2018, o Supremo validou a terceirização
da atividade-fim das empresas e determinou que "é lícita a terceirização
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
distintas". No entanto, não tratou expressamente da pejotização ou da
situação de trabalhadores de aplicativo - o que levantou dúvidas sobre a
abrangência daquele entendimento.
O tema do reconhecimento de vínculo de
emprego está na 22ª posição no ranking de assuntos mais recorrentes na Justiça
do Trabalho. De acordo com os dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), de
2019 até junho de 2023, foram ajuizadas 786 mil ações envolvendo o tema.
Fonte:
Correio Brasiliense, com edição do texto pela M&M Assessoria Contábil