Líderes
precisam estar atentos a mudanças no comportamento da equipe, como excesso de
conflito e queda do engajamento, já que representam sinais de que surgiu um
problema no programa de transformação
Mais de sete em cada dez líderes (72%) admitem ser muito fácil ignorar os
sinais de alerta emitidos pelos colaboradores que podem indicar problemas no
programa de transformação das empresas.
Isso é compreensível, já que a liderança
envolvida nas transformações costuma estar tão concentrada em sua execução que
acaba não dedicando tempo suficiente para essa tarefa de olhar com atenção para
a equipe - ou, ainda, tem dificuldade de aceitar esses sinais, ficando
reticente a eles.
A constatação faz parte de estudo da EY com a Saïd Business School, da
Universidade de Oxford, que entrevistou, entre junho e julho do ano passado,
846 líderes seniores e 840 funcionários provenientes de empresas com mais de
US$ 1 bilhão em receitas anuais. A amostra contempla 16 setores industriais e
23 países nas Américas, Ásia-Pacífico e Europa, Oriente Médio, Índia e África.
Esse problema de não identificar os sinais emitidos pelos colaboradores faz
parte da primeira etapa, a de sentir, que, ao lado de outras duas, se mostra
indispensável para maximizar as chances de sucesso dos programas de
transformação. Por meio do sentir, os programas constroem sistema de detecção
precoce para identificar rapidamente quando surgem problemas desse tipo,
abrindo a possibilidade de intervir e elevando o índice de sucesso nesse
trabalho.
Entre os comportamentos e emoções mais identificados estão atrasos ou perda de
compromissos relacionados à transformação; aumento das emoções negativas; erros
ou desentendimentos; queda do engajamento; excesso de conflito entre as
pessoas; e falta de clareza sobre como proceder.
Atenção
aos sinais
O estudo deixa claro que os primeiros sinais de que surgiu um problema
significativo no programa de transformação vêm dessas mudanças de emoções e
comportamentos, e não dos sinais considerados clássicos ou tradicionais, como
insucesso nos KPIs ou orçamentos excedidos. Identificar esses sinais vindos das
pessoas requer criar condições seguras para que elas possam falar por meio da
implementação de mecanismos de escuta - de preferência, já no início do
programa de transformação.
A segunda etapa é o entendimento das questões. Para isso, os líderes e
liderados precisam dar sentido a esses questionamentos, criando juntos um
caminho a seguir. Criar sentido significa reunir pessoas de toda a organização,
muitas vezes em um local físico, para chegar a uma compreensão compartilhada
das questões e um sentimento de propriedade sobre o resultado.
Em seguida, o desafio passa a ser olhar a causa raiz, e não o sintoma. Por
exemplo, quando os desafios surgiram em uma empresa entrevistada pelo estudo, o
líder organizou um workshop de colaboração em que 25 pessoas comentaram sobre
os desafios. A constatação foi que todas elas viram a mesma coisa, o que permitiu
encontrar novas formas de trabalhar.
Pessoas
são a solução
Por fim, a terceira etapa consiste em desenvolver ações que coloquem as pessoas
no centro para enfrentar os desafios únicos dos programas de transformação. O
objetivo deve ser manter a confiança na liderança, ou reconstruí-la se for o
caso; a crença no programa; e a confiança nas capacidades necessárias para a
transformação.
Para isso, ainda segundo o estudo, as organizações devem tratar os programas de
transformação como processos dinâmicos que mudam com frequência, afetando o
planejamento traçado. Sendo assim, é preciso ter atenção com os pontos de
virada, evitando que sejam malsucedidos, o que comprometerá o programa de
transformação.
O ponto de virada pode resultar na melhora do desempenho em processo ou projeto
específico, fazendo com que os profissionais envolvidos prosperem nos seus
objetivos, ou ocasionar a falha do programa de transformação. Em ambos os
casos, há reflexos na experiência emocional dos colaboradores. Os pontos de
virada bem-sucedidos têm 1,9 vez mais probabilidade de fazer com que o programa
de transformação supere os KPIs desejados. Além disso, a probabilidade é quase
o dobro de melhorar a preparação e a motivação da força de trabalho para a
próxima transformação, o que contribui para fazer com que a organização abrace
um estado de mudança contínua, cenário desejável em um mundo em constante
modificação.
Fonte: Diário do Comércio
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