O contrato previa dois anos sem poder
trabalhar para concorrentes, com pagamento de salário
A Quinta Turma do Tribunal
Superior do Trabalho rejeitou recurso de uma empresa contra condenação ao
pagamento de indenização pelo cancelamento de uma cláusula de não concorrência
firmada no contrato de um supervisor de vendas. O entendimento foi o de que a
revogação da cláusula não podia ser unilateral, em prejuízo do trabalhador.
Cláusula previa dois anos de
indenização
Na ação, o trabalhador contou que era empregado de uma empresa que foi
vendida. Nessa época, a nova empregadora firmou um aditivo contratual de dois
anos, e uma das cláusulas previa que, a partir da rescisão, ele não poderia se
envolver em nenhuma atividade de concorrência no Brasil. Em compensação, a
empresa pagaria mensalmente, por dois anos, indenização igual ao valor de seu
último salário.
Empresa revogou a cláusula ao fim do
contrato
No entanto, conforme o supervisor, dois dias antes do fim do contrato, a
empresa entregou-lhe um documento afirmando que "abriria mão" da cláusula de
não concorrência e, por isso, não pagaria o valor previsto. O supervisor então
entrou com a ação trabalhista para requerer a indenização prevista no
aditivo.
O juízo da 5ª Vara do Trabalho de Duque de Caxias (RJ) deferiu a
indenização, considerando que não era possível alterar unilateralmente o
contrato e que não havia previsão de renúncia no aditivo. O Tribunal Regional
do Trabalho da 1ª Região (RJ) manteve a sentença.
Na tentativa de rediscutir a decisão no Tribunal Superior do Trabalho, a
empresa sustentava que a não concorrência existia em proteção à empresa, e não
ao empregado. Segundo seu raciocínio, a revogação posterior da cláusula não
configura alteração contratual lesiva.
Alteração só com mútuo consentimento
A relatora, ministra Morgana Richa, explicou que, nos contratos
individuais de trabalho, a alteração das condições só é lícita se houver
consentimento mútuo e desde que não haja prejuízos ao empregado. No caso,
segundo a ministra, a cláusula de não concorrência foi pactuada livremente e
integrava o contrato de trabalho, impondo obrigações e vantagens para ambas as
partes. Sendo assim, ela não poderia ser alterada unilateralmente, em evidente
prejuízo para o empregado, que deixou de receber a indenização correspondente.
A decisão foi unânime.
Nota M&M: Destacamos que esta decisão foi aplicada neste processo
específico, e pode servir como um norteador para futuras sentenças. Porém,
situações semelhantes poderão ter decisões diferentes, especialmente nas
esferas de primeiro e segundo graus.
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho, Processo:
RR-11601-64.2013.5.01.0205, com edição do texto e "nota" da M&M
Assessoria Contábil
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