Descubra como o
split payment promete revolucionar a arrecadação no Brasil, garantindo mais
transparência e eficiência, mas exigindo tecnologia e adaptação das empresas
A reforma tributária no Brasil trouxe
diversas mudanças, e um dos conceitos centrais que ganhou destaque é o split
payment. Essa nova lógica visa melhorar a arrecadação e garantir que os
tributos sejam pagos de forma mais transparente e eficiente.
Neste artigo, vamos explorar o que é o
split payment, como ele funciona e suas implicações para empresas e
contribuintes.
O que
é split payment?
O split payment é um modelo de pagamento de
tributos que separa o valor devido entre a receita líquida da operação e os
impostos incidentes sobre essa receita. No lugar de realizar um único pagamento
que englobe o valor total, o contribuinte paga a parte correspondente aos
tributos diretamente ao fisco. Essa prática tem como objetivo aumentar a
transparência e reduzir a sonegação fiscal.
Com o split payment, a responsabilidade
pela retenção e pagamento dos tributos é compartilhada entre a empresa
prestadora do serviço ou comercial e a Administração Tributária. Isso cria um
ambiente mais seguro para o fisco, pois a arrecadação se torna mais eficiente e
menos suscetível a fraudes. Essa abordagem já é utilizada em vários países, e
sua implementação no Brasil representa um grande desafio em termos de
gerenciamento de créditos e recolhimento de tributos.
Como
funciona o split payment?
Para entender melhor como o split payment
opera, é fundamental analisar os passos envolvidos nesse processo. Quando uma
empresa presta um serviço ou vende um produto, o valor total da transação é
dividido. A parte correspondente ao tributo é, então, retida e paga diretamente
ao governo, enquanto a empresa fica com o restante.
Por exemplo, considere uma empresa que
presta serviços de consultoria no valor de R$ 1.000,00. Se a alíquota de
IBS/CSB for de 28,5%, a empresa precisaria pagar R$ 285,00 ao fisco. Com o
split payment, esse valor seria automaticamente retido e enviado ao governo,
enquanto a empresa receberia os R$ 750,00 restantes. Este valor recolhido de R$
285,00 vira crédito automaticamente para o tomador.
Desafios
da implementação do split payment
Apesar das vantagens, a implementação do
split payment no Brasil enfrenta alguns desafios. Um dos principais obstáculos
é a resistência das empresas em adotar esse novo modelo. Muitas organizações
ainda estão adaptando suas práticas contábeis e fiscais, o que pode levar tempo
e exigir investimentos em tecnologia.
Além disso, a educação sobre como o split
payment funcionará na prática é crucial. As empresas precisam entender
claramente suas obrigações e como isso afetará suas operações diárias.
Portanto, campanhas educativas e treinamentos são fundamentais para garantir
que todos os envolvidos compreendam o novo sistema.
O
papel da tecnologia no split payment
A tecnologia desempenha um papel vital na
implementação bem-sucedida do split payment. Softwares de gestão empresarial
que integram as funcionalidades de faturamento e contabilidade podem facilitar
o acompanhamento e conferência com o sistema do fisco.
De toda forma, com o split payment, as
empresas enfrentarão desafios no fluxo de caixa e na gestão dos tributos. A
retenção automática dos impostos no momento da transação reduz a flexibilidade
financeira, pois impede o adiamento do pagamento de tributos e impede que o
valor circule pela conta do fornecedor, afetando diretamente seu capital de
giro.
Além disso, o crédito tributário dependerá
da comprovação de que o tributo foi efetivamente recolhido, exigindo sistemas contábeis
e financeiros integrados com intermediários, como bancos, para garantir que o
repasse ao governo foi feito corretamente. Esse novo modelo pode exigir custos
de adaptação e altera a dinâmica comercial, impactando o planejamento
tributário e a margem de lucro das empresas.
Considerações
finais
O split payment é uma mudança significativa
na forma como os tributos são pagos no Brasil. Embora enfrente desafios, suas
vantagens em termos de transparência, eficiência e combate à sonegação o tornam
uma proposta relevante na reforma tributária. Empresas e contribuintes devem
estar preparados para essa nova realidade, investindo em tecnologia e educação
fiscal. O sucesso dessa implementação dependerá da colaboração entre o governo
e o setor privado, que devem trabalhar juntos para garantir que o split payment
beneficie a todos.
Ao entender a lógica do split payment, os
contribuintes poderão se adaptar mais facilmente a essas mudanças e aproveitar
os benefícios desse novo modelo tributário.
Autor:
Marcílio de Souza Vieira. Advogado com mais de 12 anos de experiência, pós
graduado em direito tributário pela Milton Campos, especialista em gestão
fiscal pela PUC/BH e mestrando em Contabilidade pela FUCAPE Business School.
Fonte:
https://www.migalhas.com.br/depeso/420656/entenda-a-logica-do-split-payment