A expectativa é
que até o fim do ano seja finalizada a aprovação da reforma tributária, com um
detalhamento maior de tudo o que irá mudar. Isso trará uma verdadeira revolução
na área tributária do país e impactará em todos os setores. Para os empresários
uma dúvida que fica: como isso impacta no planejamento tributário para 2025.
É inegável que essa reforma é um tema crucial, pois visa simplificar o
sistema tributário brasileiro, aumentar a transparência e promover uma
distribuição mais justa da carga tributária. Com a aprovação, espera-se que as
empresas tenham um ambiente mais previsível e eficiente para suas operações, o
que, por sua vez, poderá estimular investimentos e fomentar o crescimento
econômico.
Entretanto, mesmo com essa evolução prevista, é essencial que as
empresas permaneçam atentas ao planejamento tributário de 2025. Segundo Richard
Domingos, diretor executivo da Confirp Contabilidade, "mesmo com a evolução do
tema, ainda teremos um período de adequação do sistema tributário, e para o
próximo ano praticamente nada muda".
Com isso, as empresas não devem esperar impactos imediatos em suas
obrigações fiscais para o próximo ano. Contudo, o diretor tributário alerta
que, além da questão da reforma, o ano de 2024 trouxe muitas novidades no campo
tributário, o que exige que as empresas tenham um cuidado extra em relação ao
planejamento.
"É importante lembrar que a decisão tributária tomada neste ano, ou até
o início de 2025, acompanhará a empresa durante todo o ano, não se tratando de algo
simples que possa ser revisto facilmente", complementa Domingos. Assim, as
empresas devem estar preparadas para enfrentar um cenário tributário que exige
atenção e estratégias bem definidas.
Peso tributário e
planejamento
O planejamento tributário é essencial, considerando que as empresas podem pagar
até 34% de tributos sobre o lucro. No entanto, esse percentual pode ser muito
maior quando se incluem encargos trabalhistas, taxas e outras obrigações.
Para sobreviver à crise, um bom planejamento tributário se torna
crucial. "O planejamento tributário é o gerenciamento que busca a redução de
impostos, realizado por especialistas, garantindo a saúde financeira da
empresa", afirma Domingos.
Tipos de tributação
Existem três principais tipos de tributação: Simples Nacional, Presumido e
Real. A escolha do regime tributário para o próximo ano pode ser feita até o
início de 2025, mas as análises devem ser realizadas com antecedência para
evitar erros. Cada caso deve ser considerado individualmente, pois não existe
um modelo único para o planejamento tributário.
Entenda melhor os tipos de
tributação
Simples Nacional - é um regime
compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos, aplicável às
Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) esse regime oferece
vantagens como administração mais simples, apuração e recolhimento dos tributos
abrangidos mediante documento único de arrecadação, apresentação de declaração
simplificada das informações socioeconômicas e redução dos valores a seres
recolhidos (na maioria dos casos). Contudo, existem uma série de regras para
que se possa enquadrar nessa condição.
Lucro presumido - é um tipo de tributação simplificado que tem
como base a presunção de lucro, ou seja, ao invés da tributação pelo Lucro Real
na qual o resultado necessitaria ser apurado, a tributação se dá através da
presunção do lucro que pode variar entre 8% e 32% a depender das
características e objeto da empresa. Esse sistema é indicado para pequenas e
médias empresas com faturamento anual inferior a R$ 78 milhões.
Lucro real - nesse sistema tributário é considerado o
lucro líquido que engloba o período com ajustes de exclusões, adições, além de
compensações descritas ou com a autorização da legislação fiscal. Sendo
indicado a que possui lucro menor a 32% da receita bruta. Assim é interessante
para as empresas de grande porte com as margens de lucro reduzidas, folha de
pagamento baixa, despesas altas, como fretes, energia elétrica, locações e não
depende do consumidor. O lucro real é obtido a partir do devido cálculo das
contribuições federais e dos impostos, sendo necessário ter uma rígida
escrituração contábil, lembrando que os custos devem ser comprovados com o
objetivo da realização de uma compensação ou uma dedução.
Como se faz um planejamento tributário?
"De forma simplificada, num planejamento tributário se faz a análise e
aplicação de um conjunto de ações, referentes aos negócios, atos jurídicos ou
situações materiais que representam numa carga tributária menor e, portanto,
resultado econômico maior, normalmente aplicada por pessoa jurídica, visando
reduzir a carga tributária", explica o diretor da Confirp.
Alguns cuidados são fundamentais para que não se confunda elisão fiscal
(Planejamento Tributário) com evasão ilícita (sonegação), pois neste último
caso o resultado da redução da carga tributária advém da prática de ato ilícito
punível na forma da lei.
"Na ânsia de realizar um planejamento tributário, muitas vezes o empresário
se esquece de preocupações básicas para se manter dentro da lei. Para evitar a
evasão ilícita, existe lei que possibilita que a autoridade administrativa
desconsidere os atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de
dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo, para que não haja", alerta
Richard Domingos.
Outro cuidado do empresário é ter em mente que o planejamento tributário
é meio preventivo, pois deve ser realizado antes da ocorrência do fato gerador
do tributo. "Um exemplo deste tipo de ação é a mudança da empresa de um
município ou estado para outro que conceda benefícios fiscais", complementa.
Por fim, a valorização dos contadores e advogados das empresas é
fundamental para a realização de um planejamento adequado, principalmente por
serem eles as pessoas que tem contato mais próximo com a realidade da empresa e
com questões judiciais, podendo repassar essas informações para a empresa com
maior correção.
Fonte: Jornal Contábil