Coaf aplica R$ 55,7 milhões em
multas a empresas por lavagem de dinheiro; aumento de 66% em relação ao ano
anterior. Entenda os detalhes!
O Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgou recentemente que aplicou
multas totalizando R$ 55,7 milhões a diversas empresas por não reportarem ao
órgão transações suspeitas relacionadas à lavagem de dinheiro em 2024. Este
valor representa um aumento significativo de 66% em comparação ao ano anterior,
quando as multas totalizaram R$ 33,5 milhões.
Os dados foram obtidos a partir de 32 processos analisados pelo Coaf,
que tem a responsabilidade de monitorar e investigar movimentações financeiras
que possam indicar práticas criminosas. A maior penalidade foi imposta a uma
empresa que atualmente está sob investigação devido a suas ligações com o
empresário Ricardo Magro, amplamente reconhecido como um dos principais
sonegadores no Brasil.
Outra multa expressiva foi direcionada à controladora da marca Louis
Vuitton no Brasil, além de uma revendedora de veículos esportivos importados
que também recebeu sanções consideráveis.
O Coaf, vinculado ao Ministério da Fazenda, atua na elaboração de
relatórios de inteligência sobre transações financeiras suspeitas. Esses
relatórios podem ser gerados tanto por iniciativa do próprio órgão quanto a
pedido das autoridades investigativas. Os dados utilizados para compor esses
documentos são fornecidos por instituições financeiras, cartórios,
concessionárias de veículos e outros setores obrigados a comunicar operações
que possam estar relacionadas à lavagem de dinheiro.
Além da elaboração de relatórios, o Coaf também é responsável por julgar
e aplicar punições às empresas que falham em alertar sobre pagamentos suspeitos.
As sanções normalmente correspondem a uma fração do valor das transações não
reportadas.
A maior multa deste ano foi atribuída à Yield Financial Services, uma
consultoria financeira localizada em São Paulo. Em um caso datado de 2016, a
empresa foi acusada de não informar transações suspeitas que totalizavam R$ 4,3
bilhões. Como resultado, recebeu uma penalidade máxima de R$ 20 milhões. Além
disso, sócios e diretores enfrentaram multas individuais que chegaram a R$ 200
mil.
A Yield esteve envolvida em uma operação recente relacionada a um
suposto esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro orquestrado por
Ricardo Magro, proprietário da refinaria Refit. As investigações indicam que
Magro poderia estar utilizando várias empresas para evitar o pagamento do ICMS
em São Paulo e ocultar ativos para proteger seu patrimônio contra possíveis
confiscos.
Em segundo lugar no ranking das multas está a Louis Vuitton, penalizada
em R$ 5 milhões. Documentos revelam que representantes da empresa receberam
multas que alcançaram até R$ 373 mil. Embora os detalhes do caso estejam sob
sigilo, partes do voto do Coaf foram divulgadas, indicando a falta de
comunicação sobre operações em espécie que superavam os limites estabelecidos.
A terceira maior sanção foi imposta à loja 4 Boss, especializada na
venda de carros de luxo em Brasília, também multada em R$ 5 milhões. Relatórios
anteriores durante a CPI da Covid já haviam mencionado transações da empresa
com Precisa Medicamentos, vinculada a fraudes na venda da vacina Covaxin ao
governo federal.
No julgamento do Coaf, foram apresentadas evidências sugerindo que a 4
Boss não mantinha cadastros adequados dos clientes e não comunicava operações
suspeitas adequadamente. O órgão destacou ainda a necessidade de políticas
efetivas contra lavagem de dinheiro.
A reportagem tentou contato com as empresas mencionadas para obter
comentários sobre as sanções impostas, mas até o fechamento deste artigo não
houve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações.
Fonte:
Jornal Contábil, com edição do texto pela M&M Assessoria
Contábil