Impacto da reforma tributária nas empresas é comparado à pandemia por
especialista
Com a sanção da regulamentação da Reforma Tributária pelo presidente
Lula, as atenções se voltam agora aos impactos que as mudanças trarão para as
diversas áreas da economia. Apesar dos reflexos atingirem todos os segmentos,
setores como o jurídico e contabilidade, em especial o planejamento tributário,
Recursos Humanos e tecnologia, devem ser os mais afetados. Empresas e
profissionais que estiverem preparados podem se beneficiar nesse processo de
transição.
O empresário
contábil, sócio da HB Realiza Contabilidade e parceiro da plataforma de gestão
Omie, Jorge Martinez Jr., faz um paralelo, guardando as devidas proporções, da
reforma com a pandemia de Covid. Para ele, as consequências das mudanças trarão
oportunidades para quem souber aproveitar e queda de desempenho para quem não
estiver preparado. Ele entende que o momento é ideal para que empresas e
profissionais iniciem a preparação.
"Se na pandemia
os médicos cuidaram dos pacientes, na reforma [tributária] serão os contadores
e os advogados. São eles que cuidarão da saúde das empresas. Impostos afetam
diretamente o lucro das empresas. Dessa forma, o empresário precisa entender de
quem ele vai comprar, como vai precificar, precisa se programar para a
mudança", afirma Martinez Jr.
A presidente da
Associação Brasileira de Recursos Humanos, Eliane Ramos, comenta que apesar de
os impactos da reforma ainda estarem distantes, as empresas e os profissionais
precisam se preparar para essa transição.
"Quem estiver
preparado para atender às demandas que surgirão sairá na frente", destaca.
Confira as cinco áreas que terão maior impacto, segundo a plataforma de Gestão
Omie:
1 - Área
jurídica
A reforma
tributária fará alterações nas leis. Tanto nas complementares, quanto nas
ordinárias e regulamentares. Isso representa um novo começo, especialmente para
os advogados tributários.
"Serão novas
considerações, interpretações e cenários. Não haverá mais resposta pronta ou
precedente. Quem trabalha nesta área precisará retornar sempre ao texto
legislativo antes de seguir com processos, tanto de forma preventiva quanto de
forma corretiva, e essa análise vai diferenciar os mais qualificados", explica
Martínez.
2 -
Planejamento tributário e financeiro
Os profissionais
destas áreas serão muito demandados para garantir a eficiência no uso do
capital e das novas formas de comprar, vender e planejar. De acordo com
Martinez, as empresas precisarão refazer toda a estratégia de negócio.
"As novas leis
farão com que sejam priorizados investimentos que tragam benefícios fiscais e
melhorem a eficiência operacional. O aumento de interesse por essas profissões
ocorrerá devido à maior preocupação em garantir que a transição tributária não
seja prejudicial", completa.
3 -
Contabilidade
A nova
legislação foi feita para simplificar, mas pode gerar dúvidas. Durante a
implantação, o contador precisará agir de forma ainda mais estratégica para
guiar o empresário, conforme explica Martinez. "Ele terá que se atualizar e
investir em dobro no conhecimento próprio e da equipe para não ficar presos em
uma realidade tributária que não existe mais", alerta.
Profissionais
de compliance também
serão necessários, na visão do empresário, já que os negócios vão precisar de
orientação estratégica para se adequar.
4 -
Tecnologia
Ele também
elenca os técnicos, desenvolvedores, especialistas em segurança digital e
profissionais de inteligência artificial como profissionais cada vez mais
requisitados. Sistemas e softwares já
auxiliam na gestão tributária, no controle contábil, financeiro e outros
departamentos relacionados a tributos e impostos. Com as mudanças, eles podem
ser ainda mais desejados.
"A tecnologia
será necessária tanto internamente para extrair as informações das empresas dos
clientes, quanto nos escritórios de contabilidade e de advocacia para que a
gente possa processar todos os dados e o cliente não perder tempo. Pois ele
terá que tomar decisões rápidas. Do contrário, pode correr o risco de quebrar".
5 - Gestão
de pessoas - Recursos Humanos-
O especialista
ressalta que a reforma não trará apenas redução de tributos, mas equiparação, o
que pode trazer aumento de custo para diversos setores. "Com isso, antecipação,
monitoramento, atualização contínua e comunicação clara serão os grandes desafios
do setor de gestão de pessoas. Será fundamental equilibrar a carga tributária
sem perder a competitividade por bons profissionais", finaliza.
Fonte:
Diário do Comércio